Foto/Crédito: Juno B.
De outubro até dezembro de 2024, Céu Vasconcelos desembarca no Rio de Janeiro para participar da residência formativa da ELÃ – Escola Livre de Artes. A presença do artista cearense é resultado de uma articulação entre o Hub Cultural Porto Dragão, espaço da Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar, com o Observatório de Favelas, a partir do Galpão Bela Maré. A parceria reforça a atuação do equipamento cultural no processo de conexão entre os agentes artísticos e criativos para o desenvolvimento da economia da cultura cearense.
Selecionado da vaga destinada ao Ceará, Céu Vasconcelos é natural de Pacajus e artista multilinguagem. Durante a residência, pretende desenvolver a pesquisa “Aleijo ancestral”, que nasce como um espaço de imaginação e fabulação de uma ancestralidade DEF, aleijada e torta. Para Céu, que é uma pessoa com deficiência, uma das maiores violências capacitistas é o apagamento da memória, da história e dos caminhos. Tendo como matéria prima o barro e buscando formas de incorporar a acessibilidade estética em suas peças, o artista experimenta a criação de seres ancestrais, corpos tortos e imensuráveis, que nos convidam a viver uma outra experiência de corpo e vida.
Céu é também ex-residente do PRIS, Programa de Residências e Intercâmbios do Hub Porto Dragão, onde iniciou sua pesquisa sobre a construção social e normativa do corpo. No PRIS, desenvolveu o projeto “Mãozinha”, que parte do princípio da produção de próteses a partir de um olhar do corpo enquanto estrutura ficcional. “A passagem pelo PRIS demarcou um espaço importante na minha carreira, porque foi o primeiro espaço que me acolheu, que eu me entendi e que fui tratado enquanto artista. Também foi onde iniciei a minha primeira pesquisa na fotografia, vídeo e performance, onde comecei a matutar e tensionar conceitos e práticas para diluir essa concepção do corpo hegemônico, que é hoje o ponto de partida para os meus outros trabalhos”, explica o artista.
PARCERIA COM A AGÊNCIA DA CULTURA
Durante os três meses da residência, Céu receberá uma bolsa-auxílio mensal e passagens aéreas ofertadas através da Agência da Cultura, programa do Hub Porto Dragão que busca identificar, qualificar e estimular as iniciativas, projetos e empreendimentos culturais no estado com o intuito de criar conexões para fortalecer o ecossistema da cultura.
“Estamos ampliando e fortalecendo nossa atuação através de parcerias estratégicas e com base nos nossos pilares de atuação, que buscam a potencialização de uma economia criativa local. Essa relação com o Observatório de Favelas, através dos projetos ELÃ e Galpão Bela Maré, que já vem desde edições anteriores do PRIS, nos permitiu articular e criar essa oportunidade para um artista do Ceará qualificar seu trabalho e dialogar com outras pessoas de diferentes territórios”, destaca Leo Porto, Gestor Executivo do Hub Cultural Porto Dragão.
SOBRE A ELÃ
Iniciada em 2019, a ELÃ – Escola Livre de Artes é um vivência artístico-pedagógica para artistas oriundas/es/os de favelas e periferias. O programa de residência-formativa conta com encontros presenciais mediados por pessoas artistas, curadoras, educadoras entre outras agentes do campo da arte e da cultura. Ao final dos encontros, os resultados do processo constituem uma exposição que fica aberta ao público. É realizada pelo Observatório de Favelas, em parceria com a Produtora Automatica, através do Galpão Bela Maré.
A ELÃ – Escola Livre de Artes 2024 é apresentada pelo Ministério da Cultura, Prefeitura do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Observatório de Favelas. Tem patrocínio do Instituto Cultural Vale, Itaú Unibanco, Mercado Livre e White Martins, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e por Multiterminais Logística Integrada, por meio da Lei do ISS. Conta com o Apoio Institucional do Instituto Itaú Cultural e do Instituto JCA; Parceria Estratégica: Produtora Automatica e Marcela Bronstein; Parceria Institucional: TradInter Lab, MAR – Museu de Arte do Rio e Hub Cultural Porto Dragão, equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar; Apoio: Samambaia Filantropias; e Realização: Observatório de Favelas e Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.
SOBRE O HUB CULTURAL PORTO DRAGÃO
O Hub Cultural Porto Dragão integra a Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do Estado do Ceará (Rece) e tem foco no processo de conexão entre os agentes artísticos e criativos para o desenvolvimento da economia da cultura cearense. Gerido por meio de uma parceria entre Secretaria da Cultura do Ceará e o Instituto Dragão do Mar, realiza e desenvolve atividades de produção de conteúdo, difusão e circulação artística e cultural, atuando no planejamento de ações de formação, conhecimento, profissionalização, fomento, acessibilidade e inovação. É responsável por fomentar a economia criativa entendendo-a como modelos de negócio ou gestão originados de atividades, produtos ou serviços desenvolvidos a partir do conhecimento, criatividade ou capital intelectual com o objetivo de gerar trabalho e renda.